Fotografia de Arquitetura

Fotografia e arquitetura caminham juntas no campo da leitura espacial. Não exatamente nesta ordem, mas em linhas paralelas. A diferença inicial está na dimensão que elas exercem sobre nossa percepção. Enquanto a arquitetura obrigatoriamente tem de ser visitada, vivenciada para ser percebida pelos sentidos em toda sua dimensão, a fotografia tem o poder de reduzí-la, isto é, condensá-la em uma leitura particular, sob determinado enfoque e abordagem, caracterizando uma leitura particular e autoral do espaço construído. Com o disparo do "tiro fotográfico" e a captura imediata da imagem, criamos um novo espaço, agora bidimensional, representante oficial da tridimensionalidade através de um novo autor.

Este poder de transferir o espaço através do recorte e fazê-lo chegar as distâncias mais diversas, por infinitos meios e ainda por cima ter o poder de ser lida em todas as linguas, nas mais diferentes culturas, faz da fotografia o principal sistema de divulgação cultural no mundo atual. A cibercultura atravessa os continentes e com suas imagens nos remete aos lugares mais inusitados e invulgares, dando a impressão que estamos conhecendo e nos apropriando de espaços não vivenciados, porém "lidos" através dos olhos de outro alguém. 


Temos obrigatoriamente que reconhecer as diferenças de conhecer um espaço e ver um espaço, assim como observar e conversar com uma pessoa. Temos uma leitura superficial e dirigida pelo autor dos significados das mensagens enviadas através da luz refletida e capturada pela câmera fotográfica. Ler nas entrelinhas das fotografias pode ser um exercício interessante, como se pudessemos transpor os limites do formato dos suportes fotográficos e continuassemos a observar o que está ao nosso redor, virando a cabeça e imaginando o que está por trás daquele espaço e daquele homem...seus cheiros, temperatura, sons...

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